O hemangioma infantil é um tumor benigno presente em cerca de 3% dos recém-nascidos, exibe grande variabilidade de apresentação clínica, com lesões que podem regredir espontaneamente.

O tratamento é indicado para casos específicos, onde anteriormente a primeira escolha eram os corticosteróides; mas hoje, o propranolol é uma nova opção terapêutica, com resultados altamente satisfatórios e até mesmo permanentes.

O que é hemangioma infantil

O hemangioma infantil, é um tumor vascular benigno, que atinge alguns bebês logo após o nascimento. Começa com pequenas manchas, descritas muitas vezes pelos pais como uma “picada de inseto”, mas que progressivamente vai crescendo e se tornando mais saliente e avermelhada causando, nessa fase, uma grande preocupação aos cuidadores.

Apesar desse crescimento exagerado e rápido (em semanas), o hemangioma infantil tende a regredir espontaneamente a partir dos 2 anos de idade. No entanto, durante essa fase de crescimento, o hemangioma pode trazer problemas como ferir, sangrar, infeccionar e até mesmo causar obstruções totais ou parciais nas pálpebras, nariz, boca, ouvidos e genitais.

Esse tumor é mais prevalente em crianças no sexo feminino (três vezes mais do que o masculino), em prematuros e bebês de baixo peso. O risco de hemangioma também é maior em crianças cujas mães tenham sido submetidas a biópsias intrauterinas durante a gravidez.

Desenvolvimento e causas do hemangioma infantil

Existem três fases de evolução natural do hemangioma infantil: período de crescimento (fase proliferativa) – do nascimento até os 2 anos de idade; período de regressão do tumor (fase involutiva) – até os 8-10 anos de idade; e período de remissão, onde já acabou o processo de involução, chamada de fase involutiva. O hemangioma pode desaparecer, em cerca de 70% dos casos, até os 10 ou 12 anos.

O hemangioma pode surgir em qualquer localização, sendo mais comum na cabeça (rosto e couro cabeludo) e pescoço, com extensões e profundidades variadas – a maioria dos tumores é superficial, delimitado e na cor vermelha. Há o hemangioma profundo, que é mais raro e se apresenta em tonalidade azulada ou parece como um caroço na pele, que cresce rapidamente. As causas do hemangioma permanecem desconhecidas – apesar das muitas teorias, a maioria delas acredita que há múltiplos fatores contribuindo para a formação e regressão espontânea da lesão, sendo os principais delas a placenta e os hormônios maternos.

Tratamentos do hemangioma, indicações e uso do propranolol

A maioria dos hemangiomas (80% dos casos) não requer nenhum tratamento, regredindo sem causar problemas ou sequelas durante a fase proliferativa. No entanto, 20% deles podem apresentar algum feridas e infecções, além de comprometer algum órgão ou deixar sequelas por estarem localizados nas cartilagens (como nariz, pálpebras e orelhas) ou por serem extensos e volumosos. Quando houver qualquer umas dessas situações, é indicado aos pais procurarem um especialista em cirurgia plástica infantil para tratar o tumor. A avaliação precoce é extremamente importante neste processo para evitar sequelas
futuras na criança.

Inicialmente, é feito o tratamento clínico, ou seja, com medicações como o propranolol ou corticosteróides. O propranolol tem se mostrado superior aos corticoides sistémicos devido sua maior eficácia e menor número de efeitos colaterais. No entanto, a escolha da medicação depende de cada caso, e é feita após a avaliação da lesão e da criança. O acompanhamento é feito rotineiramente, principalmente no início, para avaliar possíveis eventos adversos. A duração do tratamento depende da necessidade de cada caso, podendo variar de 3 meses até os dois anos de idade da criança.

O propranolol é uma medicação utilizada há muito tempo para tratar problemas cardíacos; mas, através da observação da pediatra francesa Dra. Léauté-Labrèze, há 10 anos, descobriu-se que ele também poderia tratar os hemangiomas, sendo atualmente, uma das primeiras opções de tratamento da doença.

Os principais eventos adversos, apesar de pouco frequentes, são a hipoglicemia, problemas respiratórios, alteração do sono e problemas gastrointestinais, como o refluxo; por isso a indicação e acompanhamento da criança em uso dessa medicação deve ser feita por especialistas e de forma próxima. Ainda assim, os eventos adversos do propranolol são menos frequentes e menos graves do que os dos corticoides.

O tratamento clínico, com medicação, não exclui a necessidade de uma cirurgia; ela é indicada em alguns casos, como quando há risco iminente à visão, com a obstrução completa do olho, infecções de repetição em genitais, dificuldade para se alimentar quando o hemangioma está nos lábios, quando a lesão é volumosa e sabidamente deixará uma sequela na criança, ou quando já há uma sequela instalada, comprometendo uma função ou aparência da criança.

Conclusão sobre o uso do propranolol para tratar hemangioma infantil

O uso do propranolol em relação aos demais tratamentos disponíveis no mercado, é mais eficaz, barato, e associado a uma menor incidência de efeitos colaterais em relação aos corticoides orais. É importante lembrar que uma avaliação médica individual deve ser realizada para tratar e minimizar problemas decorrentes do crescimento do hemangioma infantil. Dermatologistas, pediatras, cardiologistas e cirurgiões plásticos são fundamentais para orientar corretamente o tratamento.